ROMA – “Hoje celebramos o Brasil de todos, sem distinção de origem, costumes ou crenças, que recebe de braços abertos”. Um país com vocação “para a paz nas relações internacionais”, como atesta o fato de que a América do Sul “talvez seja o único Estado do mundo a ter um diplomata como herói nacional, o Barão do Rio Branco”, José Maria da Silva Paranhos Junior. O embaixador do Brasil na Itália, Helio Ramos, vem proferindo essas palavras desde Palazzo Pamphili na Piazza Navona por ocasião do bicentenário da independência de Portugal, proclamada em 7 de setembro de 1822.
“O BRASIL NÃO TEM APENAS 200 ANOS, MAS TAMBÉM O TEMPO DE SEUS POVOS INDÍGENAS”
O diplomata é destinado a um amplo público de representantes institucionais e diplomáticos de todo o mundo. Nas laterais da sala que acolhe o evento, quatro estandes dedicados a tantas iguarias da vasta produção gastronômica e agrícola brasileira: o fruto amazônico deAçaívinhos brancos e tintos, Chardonnay E Tempranilloentre outros, tapioca então cachaçadestilado de suco de água com açúcar para beber com gelo e limão.
O ambiente é festivo mas o embaixador foge à “sedução dos aniversários”, que “tende a simplificar, até a reduzir, processos que, na realidade, são muito mais complexos e distantes” e decide homenagear os povos originários, porque é direito de lembrar que “o Brasil não tem apenas 200 anos, mas também o tempo de seus povos indígenas”.
Ramos também destaca a ligação com a Itália, como atesta a “contribuição” de imigrantes de todo o mundo, mas em particular italianos, para a construção do Brasil, onde hoje vivem “30 milhões de nativos” do nosso país. O embaixador lembra ainda que o Brasil “estendeu a mão aos irmãos italianos na luta pela liberdade e democracia durante a Segunda Guerra Mundial, enviando 25.000 homens e mulheres brasileiros nos campos de batalha da Toscana e Emilia-Romagna“.
EM MENOS DE UM MÊS AS ELEIÇÕES, COM O DESAFIO ENTRE LULA E BOLSONARO
Por fim, o diplomata cita “a decisiva participação do Brasil”, país com maior índice de biodiversidade do mundo, “na criação do conceito de desenvolvimento sustentável e nos mais importantes processos de negociação nesse sentido que se iniciaram com a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, em 1992“.
Em menos de um mês, em 2 de outubro, o Brasil votará nas eleições legislativas. O candidato da oposição e ex-chefe de Estado Luiz Inácio Lula da Silva vai desafiar o presidente em exercício Jair Bolsonaro, que está buscando um segundo mandato. A política não tem lugar na fala do embaixador, que lança um apelo que soa como um desejo de futuro para além da lógica partidária e das polêmicas que antecedem a votação. “Lembrando” e “não esquecendo”, diz Ramos, “certamente comporemos uma identidade nacional brasileira, nossa, que nos orgulha e que, espero, reflita uma sociedade mais justa, menos desigual e verdadeiramente globalorgulhoso de suas virtudes e corajoso para enfrentar as falhas e imperfeições de seu passado”.
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