trabalho de sullivan

A Grã-Bretanha e a Holanda promoveram a iniciativa, mas um alto funcionário do governo dos EUA disse a repórteres que é o resultado de semanas de trabalho de Jake Sullivan, o conselheiro de segurança da Casa Branca. Sullivan ontem de manhã em Hiroshima disse que o sinal verde de Biden para os caças não é uma mudança radical em curso, mas um simples reconhecimento de que a guerra no terreno mudou e, portanto, as armas necessárias estão mudando. Algo semelhante aconteceu com o abastecimento de tanques nos últimos meses. A Rússia chamou os riscos de entregar os F16 a Kiev de “colossais”, mas Sullivan disse que a Casa Branca estava totalmente confiante de que a Ucrânia não os usaria para atacar o território russo.

Índia e Brasil

É toda uma procissão de líderes até o quarto de Zelensky no Grand Prince Hotel, local da cúpula: primeiro Meloni, depois Sunak, o francês Macron, o alemão Scholz, o presidente do Conselho Europeu Charles Michel, e hoje há uma reunião com Biden. Mas o aperto de mão de ontem com o primeiro-ministro indiano Narendra Modi, o primeiro desde o início da guerra, é tão importante para Zelensky quanto os calorosos abraços com os amigos do G7. A Índia aumentou a compra de petróleo russo após a invasão e absteve-se de resoluções da ONU condenando a guerra, mas Zelensky agradeceu a ajuda humanitária e pediu para aderir ao plano de paz de Kiev, que prevê como pré-condição a retirada russa de todos os territórios ucranianos.

Hoje, Zelensky fará um apelo semelhante a Lula, o presidente do Brasil, que se recusou a vender à Alemanha munições que possam chegar à Ucrânia, dizendo que seu país quer negociações de paz. Macron chamou a visita de “mudança de jogo” e um ponto de virada: é uma oportunidade única para falar com potências emergentes não alinhadas e outros países convidados como observadores. Vai ser difícil convencê-los, mas a ideia é que a presença de Biden e de todo o G7 possa ajudar. “A paz está mais próxima”, escreveu Zelensky no Twitter.

Sua chegada tornou ainda mais frenético o segundo dia do G7 e as sessões bilaterais, que viram a divulgação antecipada do comunicado final e a “recuperação” de uma mesa de trabalho no Quad (aliança entre Estados Unidos, Japão, Índia e Austrália ) enquanto Biden retorna à América esta noite para lidar com as negociações da dívida. Mas, apesar dos holofotes sobre Zelensky, não escapou à China que o comunicado final da cúpula é o mais duro já aprovado em uma reunião do G7 contra ela.

China

Líderes das 7 economias mais poderosas do mundo criticaram as crescentes ameaças à segurança de Pequim, desde a militarização do Mar da China Meridional até o uso de “coerção econômica”. Declaração inclui referência à ‘importância da paz e estabilidade’ no Estreito de Taiwan, que a China alertou para não mencionar (obrigado veio de Taipei). Ao mesmo tempo, o G7 afirma que não quer “prejudicar o progresso e o desenvolvimento econômico da China”, que não busca o desacoplamento, mas o de-risking (redução de riscos pela diversificação, proteção de tecnologias sensíveis e controle de investimentos ), de querer “uma relação estável e construtiva” e de encorajar Pequim a mediar pela paz na Ucrânia de acordo com o plano Zelensky. Mas O Ministério das Relações Exteriores da China chama o documento de interferência em seus assuntos internos, incluindo Taiwan, e incitamento à “política de bloco”.

A estratégia da Casa Branca centra-se no G7 mas também no Quad, para aproximar a Índia, no Japão como pivô dos fóruns trilaterais com a Coreia do Sul e as Filipinas. A presença de Zelensky em Hiroshima pode servir para mostrar uma conexão entre a invasão da Ucrânia e os riscos de uma invasão de Taiwan. De Washington, o mundo parece diferente da era da Guerra Fria, muitos países não querem tomar partido, e por isso o objetivo é conseguir pequenas ações – diplomáticas e comerciais antes mesmo militares – contra Pequim. Os EUA querem que Xi Jinping acorde todos os dias, seja forçado a recalcular o custo de invadir Taiwan e diga: “Hoje não”.