Macron apresenta o novo pacto climático no modelo de Bretton Woods

Emmanuel Macron dá as boas-vindas ao controverso príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman para a cúpula

A emoção pelos mortos do clima. As acusações contra uma finança mundial julgada por muitos como “imoral”, “injusta”, “reflectindo uma velha ordem imperialista”. As cobiçadas novas regras conciliam o combate à pobreza e a adaptação à crise ambiental. Gestos e palavras fortes como os vistos em Parisi, no primeiro dia da Cimeira para um novo pacto financeiro global, pretendida pelo Presidente francês Emmanuel Macron para definir um roteiro para a reforma das finanças globais, com vista ao desenvolvimento mais conjunto Norte-Sul invocado pelas Nações Unidas. Na abertura, a ativista ugandense Vanessa Nakate, de 26 anos, pede um minuto de silêncio pelas vítimas das mudanças climáticas. Então, levantando a cabeça:Promessas quebradas custam vidas“. Promessas como a antiga de 100 bilhões por ano contra a vulnerabilidade climática do Sul, que finalmente deve ser cumprida integralmente pela primeira vez neste ano. Para o português António Guterres, secretário-geral da ONU, “a arquitetura financeira internacional falhou” e é necessário um “novo Bretton Woods”, num mundo onde “a inatividade já não é uma opção”. Macron defende um “choque” no financiamento, pela internacionalização dos impostos. O brasileiro também está presente EmParaou seja, Lula da SilvaParticularmente combativa é Mia Mottley, primeira-ministra de Barbados, uma figura carismática na luta contra a mudança climática. Ele ataca as agências de rating: “Com uma única decisão, podem derrubar um país e isso não é bom”. Então, com a força do eco global de sua iniciativa de Bridgetown para acelerar o investimento privado no mundo pobre, ele pediu “o cancelamento da dívida dos países menos desenvolvidos”. Reivindicação logo assumida por outros. Macron queria um “evento informal e inovador pela sua inclusividade”, mas ao mesmo tempo resoluta. Pelo menos no tom, o ex-banqueiro de investimentos ficou satisfeito. Muitos chefes de estado africanos envolvidos, desde o recém-eleito nigeriano Bola Ahmed Tinubu ao sul-africano Cyril Ramaphosa, via queniano Guillaume Rutotambém estão prontos para apontar o dedo para as taxas de juros que ainda estrangulam as políticas antipobreza, mesmo com a multiplicação das ameaças climáticas. Também estão presentes representantes de grandes instituições financeiras, que costumam compartilhar a ideia de dar o “próximo passo”. Mas a esse respeito, algumas ONGs se dizem céticas. Entre as vias em discussão, a expansão das reservas financeiras do FMI, de forma a multiplicar os projetos de adaptação climática, num contexto em que as atuais regras de alocação “tornaram-se profundamente imorais”, segundo Guterres. Novos impostos especiais “criativos” sobre transações financeiras, tráfego marítimo, setores econômicos poluidores também são muito invocados. Em suma, qualquer coisa pode aliviar aquele “coração inchado” do Sul de que falava Mottley. Para preparar os anúncios, uma nova “parceria para uma transição energética justa” assinada em particular por UE, Reino Unido e Canadá apoiam adesão do Senegal à energia verde.

Leigh Everille

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