voto
7,0
- Bandas:
RUIM - Duração: 00:45:51
- Disponível a partir de: 26/05/2023
- Rótulo:
-
Peaceville
A transmissão ainda não está disponível
E enquanto as notícias das principais frentes definham (diz-se que a “banda all-star” Vltimas está ocupada escrevendo novo material, enquanto nenhuma notícia de Aura Noir chegou até nós por um tempo), Rune “Blasphemer” Eriksen revela seu mais recente projeto, em que cuida da voz, guitarras e baixo, auxiliado pelo jovem baterista francês César Vesvre.
Título exigente para este primeiro álbum, que de imediato nos dá algumas pistas sobre o conteúdo: Eriksen, que vive em Portugal há alguns anos com a mulher (a ex-voz de Ava Inferi Carmen Simões) optou por misturar português, inglês e norueguês – sua própria língua materna – para dar voz às suas experiências no campo esotérico; black metal e bruxaria brasileira, portanto, uma combinação fascinante, pelo menos no papel.
Apesar das premissas cativantes – de facto – o elemento tribal, assim como o elemento ritualístico, não emerge particularmente nesta obra, pelo contrário. A este respeito, por outro lado, discos muito diferentes são poderosos e bem-sucedidos, pense no trabalho de recuperação da tradição realizado pelos Sepultura em “Roots”, ou no charme gótico puramente lusitano de “Wolfheart” dos Moonspell, ou ainda das poderosas sugestões esotéricas presentes em “Do What Thou Wilt” de Death SS (especialmente em “Baron Samedi”) em comparação com as quais este “Espiritismo Real Negro” parece um pouco enfadonho, pelo menos deste ponto de vista.
Sem prejuízo destas premissas, não temos de todo um mau disco nas mãos, muito pelo contrário: Blasphemer evolui em territórios sonoros que lhe são familiares, e para sermos precisos estamos a falar de black metal com uma pegada moderna, bastante técnica look. , com veias de morte e uma estrutura de música que lembra o progressivo. Naturalmente um certo sentimento ‘ortodoxo’ (no sentido de black metal quase ‘ritualístico’) está presente, mas – como já foi dito – sem as notas do rótulo certamente não teria sido capaz de lhe dar um nome (o mais sombrio de Umbanda Brasileira) nem um território cultural específico.
Por outro lado, o óbvio retorno a um estilo black metal do final dos anos 90/início dos anos 2000, quando o guitarrista norueguês era membro do Mayhem, não é para ser especificado no original, tão facilmente previsível dados os pontos de contato entre os projetos). O projeto Ruïm nasceu de fato da descoberta de algumas fitas antigas com riffs gravados projetados para o Mayhem, mas nunca usados de fato; a impressão de estar diante de um disco nascido dessa forma de escrever (e cantar) é de fato palpável, embora com as distinções devidas ao caso: o material que compõe o “Black Royal Spiritism” é de fato mais moderno e complexo do que “Wolf’s Lair Abyss”, e felizmente muito mais coerente e compacto do que o caos de “Grand Declaration Of War”, apesar de a matriz de partida ser contemporânea.
Este arranque não nos choca particularmente, mas reconhecemos um domínio técnico, um bom trabalho de escrita e uma grande variedade nas soluções propostas, ainda que não necessariamente muito originais (especialmente ao nível da interpretação vocal). Temos assim a certeza de que encontrará os seus admiradores entre aqueles que no black metal apreciam a mistura de dissonâncias, os assaltos frontais violentos mas controlados, a frieza do som – bastante limpo e refinado – as frequentes mudanças de andamento e algumas incursões num registo mais melódico e experimental. esfera (“Ao Rio”).
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