CR7 agora focado no Portugal United quer processá-lo

Antonio Barilla

ENVIADO PARA DOHA

A última Copa do Mundo dá uma pausa para um emaranhado de pensamentos. Suspende as amarguras, as incertezas, os venenos. Cristiano Ronaldo aposta em Portugal, na única medalha que não tem ao peito e no eterno desafio com Messi, tentando sair do luxuoso hotel Al Samriya, escolhido para a sua reforma, da incurável ruptura com o Manchester United, da geada por aí, o espanto um tanto esnobe de não mais seduzir como antes e até de lutar para encontrar pretendentes.

Não é fácil, as últimas horas foram muito difíceis: os comentários inflamados contra os Red Devils o deixaram ainda mais sozinho e a explosão removida em Old Trafford torna-se a imagem de um divórcio escrito. Na Justiça, inclusive: o clube disse ter “tomado as providências cabíveis”.

Bruno Fernandes, companheiro de Manchester e da seleção nacional, relativiza o aperto de mão muito frio que se tem tornado viral (“Só uma brincadeira, está tudo bem entre nós: vestimos a camisola de Portugal e isso conta”), mas a sensação é que é falsa diplomacia. Por outro lado, é difícil fechar os olhos se se vive a realidade que CR7 arrasa: “Não nos misturamos muito, mas a história toca-nos: todos fazemos parte do clube” diz Raphaël Varane no Campo de Treinos Francês.

Uma grande Copa do Mundo pode dar um novo impulso a uma carreira extraordinária e retardar o declínio, ao menos torná-la menos triste. Porque o monumento vacila há algum tempo, desde esta despedida abrupta da Juventus, da qual talvez se arrependa, pois coloca Allegri entre os melhores treinadores que teve: trazido de volta a Manchester pelos sentimentos, Cristiano pensou que encontraria atenção e ambições, em vez disso diz ter descoberto um clube “imóvel no tempo”, critica duramente a escolha de Rangnick, agora acusa o Ten Hag de ter exagerado com ele (“Os três dias de suspensão são uma vergonha”), acusa os jovens de não estar com fome.

Na entrevista de Piers Morgan, compara-se a uma “fruta apetitosa, um morango”, mas os factos dizem que já não é tentador: quer encontrar a Liga dos Campeões, reivindica clubes de topo, mas encontrou portas na cara, dúvidas e receios: até o Sporting de Lisboa, cidade natal e casa, desistiu da sugestão temendo que a sua dimensão enfraquecesse a equipa de qualquer forma, pelo que as ofertas mais concretas vêm da Arábia, pronta a cobri-la de ouro (“Recusei 350 milhões”), de A Austrália que não navega em ouro, mas promete abraços perdidos em outros lugares e nos Estados onde Beckham, presidente do Inter Miami l está ligando.

O agente Jorge Mendes pensa no futuro próximo, só pensa em Portugal: “Temos um treinador fantástico e uma boa geração de jogadores. Sonhava em ganhar a Copa, vai ser muito difícil, mas vamos tentar”.

Entre os favoritos coloca a Argentina do rival Messi, “um cara do bem que faz grandes coisas pelo futebol, fantástico, o melhor que vi com Zidane”. Está confiante que quer ir jantar, não descarta jogar ao lado deles e imagina a “sua” final no Qatar: “Se o vencer por 3-2 com um dos meus golos, desisto imediatamente”.

Porém, do emaranhado, Manchester ressurge: “Não sei o que vai acontecer, talvez seja melhor para nós dois se começarmos um novo capítulo. Sinto-me bem, estou convencido de que se me deixassem, ainda assim marcaria muitos golos. Difícil dizer que não voltarei, vamos ver. Mas os fãs sempre estarão em meu coração.”

O Manchester também acha melhor se separar, na verdade eles estão muito convencidos, na verdade eles estão preparando a rescisão unilateral. —

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Cooper Averille

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