por Antonio Martin * –
A importância estratégica do “flanco oriental” da OTAN aumentou consideravelmente no contexto da guerra na Ucrânia. As decisões tomadas no seio da Aliança do Atlântico Norte confirmam-no plenamente: por ocasião da reunião da NATO de 25 de fevereiro de 2022, foi ativada pela primeira vez a “Força de Reacção Rápida”, o que envolveu também a transferência de algumas unidades militares para a “Força de Reacção europeus” afirma.
A OTAN adotou uma abordagem passo a passo à medida que o conflito na Ucrânia se agrava. Em sua cúpula em 24 de março de 2022, a OTAN decidiu criar quatro “Grupos de Batalha” multinacionais que serão implantados na Romênia, Bulgária, Hungria e Eslováquia. Assim, por exemplo, a Roménia tornou-se um país que beneficia da terceira presença militar aliada: cerca de 5.000 soldados dos Estados Unidos, França, Bélgica, Portugal e Holanda, a que se junta um destacamento de soldados britânicos com quatro caças para missões de patrulha aérea. Tornou-se claro que o Mar Negro desempenha um papel muito importante no novo ambiente de segurança, não apenas do ponto de vista estratégico, mas também em termos de novos corredores energéticos e rotas de transporte de grãos ucranianos. O porto romeno de Constanza, localizado no Mar Negro, é a principal porta de entrada para a Europa e além para produtos agrícolas da Ucrânia.
No documento adotado na cimeira da NATO em Madrid em junho de 2022, “O novo conceito estratégico”, o Mar Negro é considerado uma “área de importância estratégica”. Importantes eventos político-diplomáticos para a Aliança do Atlântico Norte também ocorreram na Romênia. Nesta perspetiva, os Estados Parceiros da região do Mar Negro foram também convidados para a reunião em Bucareste dos Ministros dos Negócios Estrangeiros da Aliança, de 29 a 30 de novembro de 2022. Decisões muito importantes foram tomadas durante esta cimeira para a Aliança do Atlântico Norte. No centro das discussões esteve a implementação das decisões tomadas no “Conceito Estratégico” adotado em Madri. Estiveram presentes no evento representantes de 36 países, 30 membros da OTAN, além da Finlândia e Suécia, República da Moldávia, Ucrânia, Geórgia, Bósnia e Herzegovina.
O documento aprovado em Bucareste, a “Declaração dos Ministros das Relações Exteriores dos países da OTAN”, é revelador para as políticas de segurança presentes e futuras. A agressão da Rússia contra a população civil e a infraestrutura de energia na Ucrânia é condenada, enfatizando que a Federação Russa viola flagrantemente o direito internacional e os princípios da Carta das Nações Unidas (ONU).
Finalmente, a “Declaração de Bucareste” recorda que os Balcãs Ocidentais e a região do Mar Negro são de importância estratégica para a NATO, reiterando a Aliança a política de “portas abertas” aos Estados que pretendam aderir. O documento também afirma a vontade comum de se defender: “qualquer ataque contra os aliados encontrará uma resposta unida e decisiva”.
* Historiador e analista político.
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