Há uma centro-direita que quer uma aliança com a América Latina. Mas é em Portugal

Ser um presidente de centro-direita na Europa e pensar em uma aliança com a América? Se em vez de aliança se escreve submissão a Washington, é uma prática comum. Mas o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, fala com razão em uma aliança e até com a América do Sul. Segundo ele, é fundamental que a União Europeia e o Mercosul cheguem a um acordo rapidamente, possivelmente até o final do ano.

Só assim, de facto, a Europa poderá desempenhar “um papel global no diálogo entre as grandes potências”. E, além da América Latina, será necessário o envolvimento da África. Caso contrário, apenas Estados Unidos e China permanecerão no centro das atenções e isso representará sérios prejuízos para a Europa. Aguçado pelo controle da informação por grandes multinacionais graças ao desenvolvimento da inteligência artificial.

Obviamente, a estreita relação com o Brasil influencia as posições do presidente português. Por razões linguísticas, históricas e parcialmente étnicas. Ou seja, pelas mesmas razões que devem levar a Itália a relações muito mais estreitas e, sobretudo, muito mais inteligentes com alguns países latino-americanos, a começar pela Argentina e pelo próprio Brasil.

Além disso, o presidente português apela ao reforço dos laços com África. Também neste caso, de uma presença histórica que também deveria valer para a Itália. E isso não pode se limitar à pequena esmola de um plano Mattei com recursos menos do que modestos em comparação com os investimentos chineses no mesmo campo ou as intervenções militares russas por meio de mercenários.

Mas para implementar uma política externa como a proposta por Marcelo Rebelo de Sousa, seria preciso ser livre. Mentalmente, pelo menos. Portanto, em uma posição muito distante da do governo de Roma. Livre para lidar com qualquer pessoa sem ameaçar com sanções se o parceiro em potencial não se curvar à bandeira estelar. Livres para pensar nos interesses de seu povo antes dos interesses das multinacionais.

Em suma, o centro-direita português terá de ser expulso do EPP: demasiado perigosamente independente.

Beowulf Presleye

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