Seis rapazes portugueses processam 32 estados por inação climática

Sque foi definido como o “Julgamento do Milénio”. Seis rapazes portugueses processaram 32 estados, europeus e não europeus, por incumprimento de acordos Conferência do Clima de Paris 2015. É por isso que é importante conhecer (e apoiar) esta causa

Em 2020, seis jovens portugueses com idades entre os 10 e os 23 anos entraram em campo, arrastando 32 estados para o tribunal de Estrasburgo para inação climática. Este caso constitui um marco importante na história dos julgamentos e foi definido como o “julgamento do milénio”. Esse nome se deve tanto à sua importância quanto à idade dos protagonistas que ajuizaram a ação judicial.

O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos concordou em discutir o caso perante os dezassete magistrados da “Grande Câmara”, onde apenas são debatidos os recursos mais importantes

Esta acção judicial sem precedentes começou em Junho de 2017, quando um incêndio de proporções sem precedentes no centro de Portugal arrasou a floresta de Pedrógrão Grande. Poucos meses depois, o segundo episódio de incêndios elevou o número final de mortos para 100. Esta foi a gota d’água que quebrou as costas do camelo e daí a decisão de tomar os Estados da UE, ao lado da Rússia, Suíça, Grã-Bretanha e Turquia.

Nunca antes tantos Estados foram processados, especialmente em questões ambientais.

A acusação? Não fazer o suficiente contra as alterações climáticas, mas não só. Na verdade, os referidos estados, embora tenham assinado a Convenção dos Direitos Humanos que inclui o direito de “viver uma vida com dignidade”, não parecem assumir responsabilidade suficiente por isso.

Todos sabemos que as consequências das alterações climáticas trazem tudo menos uma vida digna.


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Mas qual é o principal obstáculo no processo? Infelizmente, o facto de os demandantes não poderem provar quaisquer danos directos causados ​​pelos incêndios ou das Alterações Climáticas. Este é um ponto muito controverso. Na verdade, para processar um Estado ou uma empresa poluidora e ter o seu caso aceite, deve demonstrar que é vítima de danos diretos.

Na vanguarda deste tipo de batalha está um grupo de jovens filipinos que, em 1993, liderou com sucesso uma acção contra o governo. A acusação era que o Estado não estava a tomar medidas adequadas para proteger as florestas, prejudicando assim as crianças, mas também as gerações futuras. Este é o único caso em que o tribunal expressou o princípio da equidade intergeracional.

Se os rapazes portugueses ganhassem, a decisão equivaleria a um tratado juridicamente vinculativo para todos os 32 estadose, além disso, abriria e facilitaria o caminho para outros ativistas! De acordo com a Agenda Ambiental das Nações Unidas para 2022, foram apresentadas 2.180 “ações judiciais climáticas” em 65 jurisdições, incluindo tribunais internacionais e regionais. Isto representa um aumento constante em relação a 2017.

Infelizmente, ainda demorarão vários meses até que os resultados do ensaio sejam conhecidos, mas o caminho está claro.


Federica Gasbarro colabora com The Wom de forma independente e não está de forma alguma vinculada aos anúncios que possam aparecer neste conteúdo.

Leigh Everille

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