Não apenas na Madeira e em Faro. Alguns estão em Sevilha, outros em Madrid, outros ainda em Dublin. Espalhados por quase todo o lado, os viajantes italianos têm tido dificuldades desde 15 de agosto para sair do aeroporto da Madeira, a ilha portuguesa ao largo da costa noroeste de África onde, durante dias, devido a ventos violentos e incêndios, a maioria dos voos operados pela Wizz Air foram cancelados. Por esta razão, os turistas italianos tiveram de se contentar em apanhar outros voos, quase todos com escala, para regressar a Itália. Muitos deles, após dias de buscas e telefonemas, conseguiram retornar. Mas outros ainda aguardam um veículo que os leve para casa. Uma série de questões cruciais que Claudio Miscia, o embaixador italiano em Lisboa, teve de enfrentar desde o início.
Madeira, 30 italianos ainda retidos no aeroporto: “Abandonados aqui sem assistência, ninguém nos diz o que fazer”
A UNIDADE DE EMERGÊNCIA
No dia 17 de agosto, Miscia explicou que, por instrução do chanceler Antonio Tajani, “foi criada uma unidade de emergência para monitorar a situação dos compatriotas presentes na ilha”. Unidade graças à qual as instituições conseguiram, ao pressionar a empresa, trazer de volta a maioria dos italianos. Retornos que foram acompanhados pessoalmente pelo embaixador. “A unidade de emergência instalada na Embaixada – garantiu – continua a trabalhar em estreito contacto com o Ministério dos Negócios Estrangeiros e com as Autoridades Portuguesas (Aeroporto do Funchal e Aviação Civil)”. Mas o problema, destacou Miscia, é que “aos passageiros que ficaram retidos nos dias 15 e 16 de agosto” nos últimos dias “foram acrescentados novos porque, devido às condições meteorológicas, outros voos foram cancelados”.
Entre os que partiram sozinhos e os que chegaram no voo da AirWizz no dia 18 de agosto a Fiumicino, não é fácil saber quantos italianos ainda estão retidos. “São certamente muitos”, observou a embaixadora que, desde o início da emergência, solicitou à Cônsul Honorária Margarida Valle Dos Santos que mantivesse presença no aeroporto com os seus colaboradores para os passageiros retidos. Tanto na Madeira como em Faro, onde se registaram outros inconvenientes.
OS NÚMEROS
Ainda há muitos telefonemas pedindo ajuda. Por isso, anunciou Miscia, foi adicionado um novo número de emergência, que permanecerá ativo durante toda a noite: 00351-912296181. No entanto, o outro número que você pode entrar em contato é 00351-919-523500.
Números que continuam a tocar continuamente, bem como o telemóvel pessoal do cônsul que “se preocupa com todos nós”, disse Giulia Mancini, uma romana de 28 anos ainda presa na Madeira com dois amigos. “Ele até responde muito tarde da noite: muito útil.”
AVIÕES
Relativamente aos voos, “o aeroporto confirmou-nos – declarou – três voos de socorro geridos pela empresa EasyJet e que partirão no dia 20 de agosto”. O problema, porém, é que “não chegarão a Fiumicino, mas os três deverão ir para Lisboa”. A partir daí teremos que agir para garantir o regresso dos viajantes a Roma. A emergência, portanto, não acabou e ainda há muito trabalho a ser feito. “Fizemos e estamos a fazer tudo o que podemos para tentar resolver esta situação”, assegurou várias vezes Miscia, reiterando que até as instituições tiveram grandes dificuldades em contactar a companhia aérea.
A CHAMADA
Compromisso também reconhecido pelos muitos viajantes retidos na ilha. Assim que a notícia começou a circular nas redes sociais, com fotos e vídeos publicados por passageiros a pedir ajuda, “o embaixador contactou-nos imediatamente. Escreveu-nos ou telefonou-nos várias vezes para nos tranquilizar e dizer-nos que faria tudo”, dizem muitos. E desde então não deixou de se preocupar com a odisseia que centenas de italianos vivem há quase uma semana.
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