O governo de esquerda de Portugal, liderado pelo primeiro-ministro António Costa, corre sério risco de cair devido a um forte desacordo com os seus aliados da esquerda radical sobre a lei das finanças referente a 2022. Na tarde de terça-feira no parlamento português começou uma discussão que pode durar dias, mas que as forças da maioria consideram como a última tentativa de chegar a um acordo. Se isto falhar, o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa já anunciou que vai dissolver o parlamento e convocar novas eleições.
O Partido Socialista de Costa lidera atualmente um governo minoritário baseado no apoio externo do Partido Comunista (PCP) e do Bloco de Esquerda (BE). A coalizão é a mesma que governa desde 2015, mas após as eleições de 2019, as relações entre os partidos se deterioraram gradualmente. Hoje, o apoio do PCP e do BE aos socialistas já não é adquirido e é negociado em cada medida.
O PCP e o BE reclamam há meses uma lei das finanças mais ambiciosa, com aumentos do salário mínimo, do sistema nacional de saúde, pensões e salários dos funcionários públicos. O Partido Socialista havia proposto aumentar o salário mínimo em 40 euros, até 705 euros, e incluir aumentos moderados nos setores indicados. “Portugal não precisa apenas de uma lei orçamental, mas de uma resposta governamental à massa de problemas que se vão acumulando”, ele disse o líder do Partido Comunista, Jerónimo de Sousa: “mas tendo em conta os sinais recebidos até agora pelo governo, vamos votar contra esta lei das finanças”.
Terça-feira, durante o debate no parlamento, Costa ele lembrou aos aliados da esquerda radical que nos últimos anos a despesa pública nos sectores que lhes são mais importantes aumentou, e que os 40 euros acrescidos ao salário mínimo são “o maior aumento desde que existe esta medida”. Ao mesmo tempo, porém, declarou que estava pronto para enfrentar novas eleições e que seria novamente candidato ao cargo de primeiro-ministro do Partido Socialista.
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Não está claro por que razão o PCP e o Bloco de Esquerda ameaçam um governo que, afinal, aceitou algumas das suas propostas e com o qual está há anos em diálogo.
Política observado que nos últimos dois anos o apoio ao governo parece ter custado em termos de consenso, já que as pesquisas dão ao Bloco de Esquerda cerca de metade dos votos que recebeu em 2019, ou cerca de 5%, enquanto o Partido Comunista dá preso em 6 por cento. Segundo outros, as razões da ruptura são sobretudo políticas: “o BE e o PCP entenderam que o Partido Socialista nunca abandonaria os compromissos assumidos com a União Europeia” em matéria de controlo da despesa pública, ele disse analista Francisco Seixas da Costa al Financial Times.
De 2020 até hoje, Portugal tem sido um dos países europeus mais afetados da crise econômica desencadeada pela pandemia de coronavírus. As previsões de crescimento para 2022, no entanto, eles são muito bonse a pandemia está relativamente controlada, sendo Portugal considerado um dos países mais vacinados do mundo.
Possíveis novas eleições – que podem ser realizadas já em janeiro, dizem alguns – podem, no entanto, sair uma imagem bastante fragmentada: o Partido Socialista recebe pouco menos de 40%, enquanto o Partido Social Democrata de centro-direita fica com 27%. Por outro lado, o partido de extrema-direita Chega pode ganhar muito apoio, dado pouco menos de 10%.
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