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Hoje há votação para eleger o novo presidente e renovar o parlamento unicameral de Angola, país de cerca de 33 milhões de habitantes da África Austral onde o mesmo partido governa há quase 50 anos: o MPLA, Movimento Popular de Libertação de Angola, centro -deixei. O MPLA está no governo desde 1975, quando Angola conquistou a independência de Portugal.
A notícia mais importante é que, de acordo com a maioria pesquisaso MPLA poderia perder para o seu rival histórico, a UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola), contra a qual o MPLA travou uma guerra civil que durou quase trinta anos após a independência.
O actual sistema eleitoral de Angola exige que o presidente e o vice-presidente do partido mais votado se tornem automaticamente presidente e vice-presidente do país. A constituição adotada em 2010 e ainda em vigor aboliu o cargo de primeiro-ministro e transferiu suas funções e poderes para o presidente, que é, portanto, também o chefe de governo.
Oito partidos vão concorrer nas eleições de hoje, mas o foco está principalmente no MLPA e UNITA, os únicos dois que realmente disputam a vitória. O líder do MPLA é o Presidente cessante João Lourenço, o da UNITA é Adalberto Costa Júnior.
Diferente analistas acreditam que a crise económica em que o país se encontra e a gestão do governo pelo MPLA, segundo muitos fracassados, pesará sobretudo no resultado das eleições. O sentimento de muitos eleitores, escrita sobre BBC jornalista angolano Israel Campos, é que vinte anos de paz não trouxeram os benefícios esperados.
Campos refere-se aos vinte anos que se passaram desde o fim da guerra civil entre o MPLA e a UNITA de 1975 a 2002. Outros países também estiveram envolvidos no conflito, notadamente durante a Guerra Fria: a União Soviética e Cuba em apoio ao MPLA, Estados Unidos e África do Sul em apoio à UNITA. O conflito terminou oficialmente com um acordo de paz em 1991, mas continuou intermitentemente até 2002.
Durante todos estes anos, o MPLA governou de forma bastante serena, vencendo as várias eleições sem grandes dificuldades, embora perdendo gradualmente o consenso: com as eleições de 2008, 2012 e 2017, a percentagem de votos obtidos pelo partido passou de 81, para 71 e 61 por cento. Uma possível derrota nestas eleições seria, portanto, um resultado histórico, mas em linha com uma tendência que vem ocorrendo há algum tempo.
As razões pelas quais o MPLA perdeu o consenso são muitas e não são inteiramente imputáveis à gestão da situação económica do país. Corrupção persistente na política nacional também está implicada, vista pelos angolanos como ‘penetrante’, escreve centro de estudos Carnegie Endowment for International Peace. Há também muita insatisfação entre os jovens cidadãos, tanto nas áreas urbanas como nas mais rurais: em segundo lugar BBC a taxa de desemprego em Angola ronda os 30%, mas entre os jovens atinge os 60%.
Nos últimos anos, a UNITA tem apostado fortemente neste descontentamento geral da população, para aumentar o seu consenso e obter cada vez mais apoio da sociedade civil, segundo várias análises e tem conseguido fazê-lo.
O desejo de mudança também pode pesar no resultado das eleições, após 47 anos no poder pelo mesmo partido. O Centro de Estudos Britânicos Chatham House definiu a eleição de hoje como uma decisão entre “continuidade e mudança“, é para BBC A analista angolana Aurea Mouzinho disse que “o sentimento geral é que Angola está pronta para mudar”.
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