Apesar do aumento das águas, ondas de calor e eventos climáticos extremos – mas também guerras de energia, crises na cadeia de suprimentos e aumento dos preços dos materiais de construção – os arquitetos continuarão apostando que em sua prática não mudarão nada e recorrerão a todos os tipos de desculpas antes considerando qualquer mudança.
A cena arquitetônica portuguesa oferece bons exemplos desse estado de coisas. Um renomado arquiteto, vencedor do Prêmio Pritzker, disse que “a boa arquitetura é, por definição, sustentável”. Portanto, se você se considera um “bom arquiteto”, não precisa fazer nada para contrariar o que está acontecendo. Sempre o mesmo arquitecto, para ter terreno adequado ao seu projecto, utilizou todo o orçamento para reconfigurar a geografia do local, sem qualquer razão ambiental óbvia e para desespero do cliente. A métrica das muralhas rurais existentes – argumentava-se – estava “errada” em relação às proporções arquitetônicas que o mestre construtor estava acostumado a empregar. Para mim, este episódio representou o canto do cisne do aclamado respeito da arquitetura portuguesa pela ideia de lugar.
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