Carta aberta sobre as hipóteses do presidencialismo na Itália e no futuro da Europa

Neste contexto, vale sublinhar o excessivo poder assumido pelo Conselho Europeu desde o Tratado de Lisboa com um reforço da dimensão confederal que certamente não melhorou a qualidade e eficácia da democracia na UE.

Na dimensão do pluralismo europeu e da união de Estados e cidadãos, afigura-se necessário defender o papel prioritário da democracia representativa e, portanto, a centralidade da instituição parlamentar, enriquecendo-a com formas inovadoras de democracia participativa (referendos, direito dos cidadãos à iniciativa no Parlamento Europeu e não na Comissão e diálogo permanente com a sociedade civil nos moldes adoptados pela Conferência sobre o Futuro da Europa) e democracia de bairro (com maior protagonismo atribuído às cidades).

Em linha com esta posição, entendemos que o poder constituinte do Parlamento Europeu deve ser respeitado, seguido do poder deliberativo dos cidadãos exercido através de um referendo de confirmação pan-europeu, com fortes poderes para contrabalançar a presença excessiva dos governos nacionais (o ” federalismo executivo” para usar a expressão de Habermas) que se consideram “donos dos tratados” e detentores do controle sobre a divisão de competências entre a UE e os Estados-Membros (o chamado Kompetenz Kompetenz segundo a fórmula alemã).

Se a exigência na Itália do primado dos interesses nacionais se materializa em uma proposta de emenda constitucional, deve ser rejeitada graças a todas as prerrogativas que nosso sistema oferece, a começar pelos poderes do Chefe de Estado com seu papel de garantidor do Constituição republicana, já devidamente actualizada e adaptada à evolução do processo de integração europeia, como aconteceu nomeadamente na Alemanha, França, Bélgica e Espanha.

Esperamos que, durante a campanha eleitoral, estas questões sejam esclarecidas no mandato para o Parlamento que será eleito em 25 de Setembro e que estejam entre as prioridades que as forças políticas italianas colocarão na mesa dos partidos europeus em vista das eleições europeias de maio de 2024.

Beowulf Presleye

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