Se o projeto do Pipeline Midcat entre Espanha, Portugal e França, a Europa não se encontraria na actual situação de escassez. As palavras do chanceler alemão, Olaf Scholz, durante a tradicional coletiva de imprensa de verão, voltaram ao centro do debate político europeu a possibilidade de reviver o projeto bloqueado há anos devido aos altos custos e ao baixo preço dos suprimentos russos. A eclosão da guerra na Ucrânia em fevereiro passado, no entanto, destruiu completamente o que pareciam ser equilíbrios consolidados em termos de fornecimento de energia. A UE descobriu sua dependência de Moscou correndo contra o tempo para um possível corte de gás no próximo inverno. O próprio chanceler alemão lamentou ontem o fato de a Alemanha, e muitos outros países da UE, contarem com um único fornecedor: a Rússia.
Neste contexto, para Scholz, o Midcat poderia ter dado uma “contribuição maciça” para o abastecimento do Norte da Europa. A este respeito, o dirigente alemão explicou que tinha levantado a possibilidade de relançar o projeto com os seus colegas de Espanha, França e Portugal, bem como com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
O gasoduto Midcat ligaria a Espanha à França via Catalunha, duplicando a capacidade atual de transporte de gás entre os dois países, e foi concebido como uma extensão do gasoduto Medgaz, que liga a costa argelina a Almeria e percorre toda a costa mediterrânica como até Hostalric (Girona), de onde começaria a ligação perdida com Barbaira, do outro lado dos Pirinéus. As declarações de Scholz foram acolhidas pelo primeiro-ministro português António Costa, que garantiu em mensagem no Twitter que a Alemanha pode contar “a 100%” com o empenho do seu governo na construção do oleoduto, explicando que o porto de Sines poderá ser utilizado como plataforma logística acelerar a distribuição de gás natural liquefeito (GNL).
A proposta de Scholz também foi avaliada “positivamente” pela ministra espanhola da Transição Ecológica, Teresa Ribera, que considera “fundamental” que as interligações não continuem a ser uma questão “bilateral”. A este respeito, Ribera apelou a um maior envolvimento da Comissão Europeia e do Conselho Europeu. “A Espanha sempre mostrou a sua vontade e pediu uma maior interligação”, disse o ministro, acrescentando que estas crises energéticas demonstram “os benefícios de uma maior integração europeia”. No passado dia 6 de Maio, a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou após uma reunião com o Presidente do Governo espanhol, Pedro Sanchez, que será dada prioridade às ligações de gás entre Portugal, Espanha e França. No entanto, pouco mais de três meses depois, o projeto Midcat não parece ter recebido particular importância na agenda de Bruxelas, como se pode ver nas palavras do chanceler alemão.
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