Extradições e fugitivos de ouro: terrorismo, honra em Portugal

A concessão da extradição de Portugal para Itália a Maurizio Tramonte, aliás Fonte Tritone dei Servizi, ou seja, um dos dois condenados definitivamente à prisão perpétua com Carlo Maria Maggi pelo massacre da Piazza Loggia, leva a uma reflexão sobre o repatriamento em relação à justiça. Extradição que não deve ser encarada como um facto excepcional, como no caso de Tramonte, mas como normal. Graças a esta anomalia, existem mais de 140 fugitivos por crimes ligados a actividades subversivas que gozam de uma impunidade que está prestes a tornar-se definitiva para todos por prescrição. Entre eles, por exemplo, Cesare Battisti, que muitas vezes chegou às manchetes precisamente por causa da dança entre as relações exteriores italianas e as da França e do Brasil para a concessão de sua extradição. Mas estes países continuaram a conceder refúgio ao antigo líder dos Proletários Armados pelo Comunismo, condenado à revelia e definitivamente por quatro assassinatos. Outro caso é o de Alessio Casimirri, que fugiu para a Nicarágua (que não permite a extradição) com sua esposa Rita Algranati: ambos condenados à prisão perpétua como fugitivos da emboscada da Via Fani. Massacre pelo qual Álvaro Lojacono também foi condenado – sempre à revelia. O antigo “camarada Camillo” das Brigadas Vermelhas (Casimirri) dirige um restaurante em Manágua frequentemente frequentado por italianos que pedem para contar algumas histórias. (Venha à Itália, Casimirri, contar-lhe estas histórias, para pelo menos ser útil à nova comissão parlamentar de inquérito ao caso Moro). Na época da militância das Brigadas Vermelhas (Algranati), após o fim do casamento com Casimirri, a “companheira Marzia” vagou por um tempo pela Europa antes de ser presa no Egito. Atualmente cumpre prisão perpétua, em meio à inútil brincadeira de acordeão em frente ao presídio protagonizada por Oreste Scalzone, que não nega gritar de dor a ninguém em sua atividade profissional como um antagonista como ele, também milagroso pela prescrição depois de anos da “Doutrina Mitterrand”. O “camarada Otelo” (Lojacono) é cidadão suíço, ou seja, deste país que – sempre – garantiu a extradição. Na frente geográfica e política oposta, encontramos o cidadão japonês Roi Hagen, aliás Delfo Zorzi, ou seja, o neofascista apontado por diversas fontes como envolvido nos massacres da Praça Fontana e da Praça Loggia, que foi então definitivamente absolvido. E a viagem de Manlio Milani ao Japão não adiantou de nada, pois foi pedir-lhe que viesse testemunhar na Itália durante a investigação. “Não confio nisso”, disse o samurai de Vicenza, agora livre de todas as acusações, mas que o procurador queria prender na altura. Assim como muitos que sempre fugiram, longe de qualquer punição. De toda justiça. De qualquer extradição. Fugitivos ad libitum.





Leigh Everille

"Analista. Criador hardcore. Estudioso de café. Praticante de viagens. Especialista em TV incurável. Aspirante a fanático por música."

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *