Na próxima semana, o Instituto Cultural Italiano de Bogotá abrirá um curso gratuito sobre a história da ópera na América, incluindo as histórias de seus músicos e seus legados. A ópera italiana chegou à América no século XIX e se espalhou pelo continente, por meio de apresentações oferecidas por companhias européias, cujos integrantes se tornaram influentes compositores, empresários e até mesmo grandes pais de presidentes locais.
O Brasil foi o primeiro destino dessa música dramática, interpretada por orquestras e cantores de ópera, no início do século XIX por decisão do Reino de Portugal; a obra então desembarcou nos Estados Unidos em 1825 e nove anos depois chegou a Cuba.
“Cuba se tornou o primeiro porto de chegada de artistas italianos na América há cerca de 20 anos”, disse Alexander Klein, professor de teoria, história e apreciação da música na Universidad de Los Andes, em Bogotá.
A partir do próximo dia 21 de fevereiro, Klein se encarregará de ministrar o “Curso de História da Ópera na América”, que constará de dez sessões e será realizado na sede do Instituto Cultural Italiano de Bogotá, promotor e gestor do projeto. .
“A ideia é descobrir esse lado desconhecido da ópera na América e as repercussões que ela teve”, disse o estudioso em entrevista à ANSA.
Klein explicou que o curso não seguirá apenas o caminho da ópera no continente, mas terá como leitmotiv narrativo um personagem central e pouco conhecido em sua entrega, o bolonhês Luigi Bazzani (1807-1867), o alfaiate que virou empresário.
“Luigi Bazzani é quem trouxe a primeira companhia de ópera italiana da história da Colômbia, também foi responsável por trazer a primeira companhia para a Jamaica e o Equador, e muitas das primeiras a chegar ao Peru e ao Chile”, disse Klein à ANSE. . .
Bazzani, sobre quem Klein escreveu um livro no ano passado intitulado: “O alfaiate de dois mundos”, trouxe a primeira companhia de ópera ao Equador em 1842, entre os músicos estava Antonio Neumane, o francês que compôs as notas do hino nacional deste país.
As primeiras companhias de ópera que chegaram ao Peru e ao Chile eram muito pequenas e o fizeram na década de 1930, chegando à Jamaica em 1841 e à Bolívia em 1847.
Klein explicou que a Argentina e o Uruguai foram o segundo destino das companhias de ópera estreantes no Brasil; mas a partir da segunda metade do século XIX, Buenos Aires tornou-se uma referência para esta música com a chegada da grande diáspora italiana.
Até a Argentina “se destacou pelas estreias sul-americanas de obras de (Giacomo, NDR) Puccini”, enquanto o Brasil se destacou pelas obras de Gaetano Donizetti, acrescentou o musicólogo.
A obra também trouxe ao continente artistas que depois se tornaram empresários, como Pietro Alessandri Tarzi, que se estabeleceu no Chile.
Alessandri Tarzi é avô do presidente chileno Arturo Alessandri Palma (1920-1925 e 1932-1938) e bisavô de Jorge Alessandri Rodríguez (1958 e 1964).
Junto com a música italiana vieram também arquitetos teatrais que construíram salões épicos como o Victoria no Chile, o San Pedro Alcántara no Brasil e os teatros Colón em Buenos Aires e Bogotá, destinados à ópera, lembra Klein. (GERENCIAR).
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