DO NOSSO CORRESPONDENTE
PORTO (Portugal) – Uma paz justa e não efêmera. Poucas horas depois do massacre de Kharkivi, poucos dias antes do Conselho de Ministros da UE realizado em Kiev, no meio de um debate (na Europa como na América) sobre a necessidade de continue a armar Zelenskyaqui estão as ideias das margens do Douro da cimeira anual do Grupo de Arraiolos, os dezasseis chefes de estado “unidos pela Europa” que falam do conflito à porta fechada.
O Presidente da República manifesta “esperança”, Sérgio Mattarella, que reiterou no seu discurso como a UE reagiu de forma unida e fiel aos seus valores: foi assegurada assistência militar à Ucrânia, bem como recursos financeiros consideráveis, com vista à sua reconstrução. Mattarella está de parabéns por este 6 de outubro que, no seu mandato, não é uma data qualquer: hoje – 3.167 dias, nove anos – passa a ser oinquilino mais longo do Quirinale na história republicana e supera o recorde de Giorgio Napolitano (3.166 dias).
Contudo, não há espaço para muitas celebrações e, a meio da manhã, começamos a trabalhar no assunto mais urgente, o da guerra. A solidariedade é boa, disseram os chefes de Estado reunidos, desde o búlgaro Radev até ao polaco Duda, incluindo representantes de países menos prestativos, como a Hungria ou a Eslováquia. E o apoio militar e político a Zelensky continua a ser necessáriodisse Mattarella, caso contrário haveria o risco de um novo conflito mundial: veríamos uma série de ataques a outros países que fazem fronteira com a Rússia e isto – à semelhança do que já aconteceu em 1938 e 1939 – levaria a um confronto total e devastador.
No Palácio do Freixo, estilo barroco italiano, frescos ilusionistas, não há ilusão: é uma tristeza ver tantas vidas ceifadas, pensa o presidente italiano, testemunhar tanta destruição e uma enorme quantidade de recursos queimados em armamentos, mas no momento não há outro jeito. E o que a Europa faz, diz ele, serve para proteger a paz mundial.
Até? A “esperança” de Mattarella é naturalmente que todos estes esforços criem as condições necessárias para iniciar um processo de paz o mais rapidamente possível. Mas uma paz justa e não efêmeraque não apaga as razões e também leva em conta os erros.
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