Novas regras da dívida europeia: sinais encorajadores?

Limite de déficit/PIB de 3% funciona e se confirma

A Comissão, por outro lado, não prevê qualquer inovação no que diz respeito ao limite máximo de 3% do rácio défice/PIB, considerado eficaz e sustentável. No passado, os países membros respeitaram em média este limite (com a notável exceção de Portugal, ver gráfico 3), apesar de níveis de dívida inicial muito diferentes. Com efeito, os dados evidenciam um aumento dos desvios em momentos de crise profunda, que no entanto é rapidamente corrigido em momentos de recuperação económica.

REGRA DO DÉFICIT – DESVIO DO LIMITE DE 3%

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Esta é uma conquista notável, considerando que o limite de 3% também foi determinado empiricamente. Sabendo que no início da década de 1990 a dívida pública da zona do euro girava em torno de 60% do PIB, assumindo um crescimento médio anual do PIB nominal de 5% (3% de crescimento real + 2% de inflação), era compatível um teto de 3% para o déficit anual com a manutenção da relação dívida/PIB em 60%.

A manutenção do critério dos 3% explica muito bem porque é que as instituições europeias decidiram esperar até 2024 para a sua reativação. De facto (ver Figura 4), as estimativas mais recentes da Comissão sobre os défices públicos dos principais países da UE entre 2022 e 2024 permanecem muito acima do limiar e nem sequer parecem (como no caso da França e da Itália) convergir para este . As projeções são muito melhores para economias pequenas. Em suma, a zona do euro ainda não está pronta para restaurar a velha regra.

A bagunça do gap de produção e como superá-lo

Infelizmente, uma tendência de sobreposição de regras complicou a simples e eficaz regra do déficit. Com efeito, em simultâneo, desde 2011, foram reforçadas as regras do défice, que previa um limite inferior (piso) ao saldo do orçamento público corrigido das despesas extraordinárias e dos efeitos do ciclo económico, cujo cálculo baseou-se em estimativas complexas de “PIB potencial”, ou seja, aquele que pode ser alcançado por uma determinada economia assumindo a plena utilização dos fatores de produção e sem estimular o aumento da inflação.

Em termos básicos, em tempos de crise, um país podia gastar mais, mas apenas a ponto de recolocar a economia na trajetória estimada de crescimento potencial do PIB, fechando o que é conhecido como lacunas de saída entre o PIB observado e o PIB potencial. Portanto, essa estimativa era uma variável central do sistema regulatório, pois determinava o déficit que um país poderia assumir em momentos de dificuldade. Em outras palavras, quanto maior for o hiato do produto (ou seja, quanto menor for o PIB real em relação ao potencial), maior será o espaço fiscal de um país.

Henley Maxwells

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