REGGIO CALABRIA “O autarca ligou-me e disse-me que o Presidente da República viria jantar… (…) Preparar uma mesa para 4 pessoas… uma boa mesa… numa sala onde haja gente”. A voz é de Domenico Giorgi, sobrinho do patrão “Gambazza”, nascido Antonio Pelle. Seus apelidos (de Giorgi) – “Berlusconi” ou “Millionaire” – falam por ele. O conteúdo das escutas telefônicas contidas em uma das informações coletadas como parte da investigação “Eureka” do DDA também fala por si. E a evento diário contar uma história que abala o país lusitano. Especifiquemos os contornos: o prefeito em questão é Riccardo Rio. Governa Braga, uma cidade no norte do país. A reserva data de 8 de junho de 2022 e seu porta-voz teria solicitado. O jantar é servido no restaurante “La Porta”, controlado pela empresa “Vanilladevotion Lda“, sediada na capital Lisboa, assoberbada com o império da restauração de Giorgi pelas apreensões (num total de 25 milhões de euros) ordenadas pela justiça. A presença do Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, é anunciada diretamente ao “milionário”, que se viu algemado durante a blitz coordenada pelo procurador de Reggio Calabria. O presidente de Sousa e o prefeito do Rio não têm ligação com a investigação do procurador de Reggio. E não são os únicos VIPs a frequentar o restaurante: muitos futebolistas, cantores e figuras públicas portugueses e brasileiros já passaram pelos bistros do grupo entre Braga e Lisboa (além do “La Porta” há também o “Caffè Itália” ). as páginas Instagram clubes destacam pratos e passeios VIP. O destaque é, claro, o presidente posando com a equipe em várias ocasiões.
“Sr. Presidente, eu sei que você é um cliente muito fiel a nós”
É o próprio Giorgi, numa interceção de maio de 2021, que se mostra encantado com os bons resultados obtidos no setor da restauração em Portugal: “Ainda bem que Portugal se foi… (inc.) Venho sexta, sábado à noite. .. Domingo à noite, assim que chego ligo para o prefeito (parece dizer)… não nos vemos há dois anos… (inc.) alô Mimmo alô cadê você?. .. estou em (inc.) cheguei aqui… (inc.) você tem 2 ou 3 mesas que hoje à noite venho comer alguma coisa com você e trago um bom cliente para você… eu disse, ok… temos, fazemos… sem problemas… resumindo, o Presidente da República trouxe-me… 10 dias antes era do Sebastiano o Presidente da República… tenho razão… tinha uns 50 guardas, forças armadas …o presidente estava sentado lá, 3 aqui e 3 ali…eu…seja bem-vindo senhor presidente, eu disse a ele, estou muito honrado em tê-lo aqui…(inc.) Saí… todos… quantos eram… 30 lá dentro … levantaram-se todos… (inc.) Disse-lhe Senhor Presidente, sei que é um cliente muito fiel porque vai sempre ao Sebastiano em Lisboa, (inc. .) a família dele lá”.
A referência, neste caso, seria ao Italy Caffè da capital portuguesa, outro local frequentado pelo presidente, conforme noticiado pela imprensa local (e confirmado pelos instantâneos publicados nas redes sociais), e apreendido – como “La Porta ” – na pesquisa “Eureka”.
Rebelo de Sousa, um dos principais representantes do centro-direita português, relata que evento diário, teria estado pelo menos três vezes no bistro bracarense e outras tantas no restaurante lisboeta de Sebastiano Giorgi. Quem reservava jantares sabia que para uma mesa era preciso entrar em contato com “Berlusconi”. Nas palavras de seu filho, Sebastiano, “todas as formigas sabem que se meu pai não chegar, nada se mexe”. (PPP)
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