Procuradores portugueses admitem erro de transcrição na investigação ao ex-PM Costa – EURACTIV Itália

O Ministério Público responsável pela investigação do ex-primeiro-ministro António Costa admitiu ter cometido um erro na transcrição de uma escuta telefónica que levou à sua queda, ao confundir o seu nome com o do ministro da Economia, segundo este noticiado por um dos advogados do ex-primeiro-ministro. do acusado neste caso.

“Foi Lacerda Machado quem comunicou ao Ministério Público que houve efectivamente esse erro e o Ministério Público reconheceu-o”, disse o advogado aos jornalistas ao entrar na sala do Tribunal do Campus de Justiça de Lisboa.

Há uma discussão a interceptação de uma chamada telefónica entre o ex-diretor do Start Campus Afonso Salema e Diogo Lacerda Machado, consultor da empresa, em que o primeiro pede ao segundo que recorra ao governo para intervir numa modificação das estruturas dos códigos de atividade económica reportados.

“Lacerda Machado diz que se for o Ministério das Finanças vai falar com Fernando Medina. Se se tratar de economia, “vou dar um jeito de conversar” – e isso está transcrito – com António Costa. Agora isso é um absurdo. Lacerda Machado, se quiser falar com António Costa, pega no telemóvel e liga-lhe. Tratava-se de falar com o ministro da Economia, António Costa Silva”, explicou o advogado, salientando que “Silva” pode ser ouvido nas escutas telefónicas.

Segundo Magalhães e Silva, esta é a única escuta telefônica da acusação em que Lacerda Machado se refere diretamente a Costa.

“Os desvios, quando involuntários, obviamente não são graves do ponto de vista subjetivo. Eles só são sérios do ponto de vista objetivo. Intencionalmente ou não, não estou insultando a acusação”, afirmou o advogado de Lacerda Machado.

O primeiro-ministro demitiu-se na semana passada depois de saber que o seu nome tinha sido mencionado por pessoas envolvidas na investigação do Ministério Público sobre transações relacionadas com lítio, hidrogénio e data centers de Sines, o que levou o presidente a dissolver o Parlamento e a convocar eleições legislativas para 10 de março.

A operação levada a cabo na terça-feira pelo Ministério Público assentou em pelo menos 42 buscas e levou à detenção de cinco pessoas para interrogatório: o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escaria, o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, dois dirigentes do Start Empresa do campus, Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, bem como o advogado Diogo Lacerda Machado, amigo de António Costa.

No total são nove arguidos, entre os quais o ministro das Infraestruturas João Galamba, o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente Nuno Lacasta, o advogado e antigo porta-voz do PS João Tiago Silveira e a empresa Start Campus.

Costa está sob investigação depois de suspeitos de um caso ligado ao lítio, hidrogénio verde e operações de data center em Sines terem dito que o seu nome foi mencionado para cumprir formalidades.

No dia da demissão, Costa negou ter cometido “qualquer ato ilegal ou repreensível”.

(Maria João Pereira | Lusa.pt)

Leigh Everille

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