De onde vem a meta de “2%”?
Em setembro de 2014, portanto, após a anexação ilegítima da Crimeia pela Rússia, na cúpula de Newport, País de Gales, os Chefes de Estado e de Governo dos países da OTAN formalizaram o que havia sido decidido oito anos antes. Na declaração final do evento é lido de facto, todos os aliados que gastaram menos de 2 por cento do PIB no sector militar – incluindo a Itália – deveriam ter evitado novos cortes nesta rubrica de despesas, e deveriam mesmo ter aumentado o orçamento de acordo com as directivas da NATO, em para atingir o limite de 2% dentro de dez anos (ou seja, até 2024).
Naquela época, apenas três dos 30 países eles gastaram o que já foi estabelecido: os Estados Unidos, o Reino Unido e a Grécia. Sete anos depois, em 2021, mais sete estados foram adicionados, incluindo Croácia, Polônia e Romênia. No ano passado, entre os principais países europeus, apenas a França cumpriu o compromisso – ainda que ligeiramente, com um gasto de 2,01% – enquanto a Alemanha (1,5%), Itália (1,4%) e Espanha (1%) ainda estavam longe do alvo.
Tipo, como sublinhado em 2015 por Jan Techau, na época diretor do Carnegie Europa (um think tank especializado em política externa europeia) e ex-pesquisador da OTAN, o parâmetro de 2% foi decidido quase arbitrariamente, embora respeitar esse limite mínimo realmente permitiria à aliança e seus países membros preencher algumas de suas lacunas militares. Além disso, de acordo com Techau, este parâmetro limita-se a medir os “inputs”, ou seja, os recursos financeiros investidos em operações que se enquadram no âmbito da defesa, mas não os “outputs”, ou seja, as consequências práticas desses gastos, não tornando possível avaliar as reais capacidades militares de um país.
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